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quarta-feira, 29 de agosto de 2012

"DEUS: POR ONDE COMEÇAR?" E OUTROS ENSAIOS

Uma seleção de alguns dos textos mais longos do meu livro "A Natureza das Coisas do Ponto de Vista da Eternidade", três dos quais originalmente publicados na revista Crítica, aqui editados em formato pdf no site da biblioteca filosófica on-line LusoSofia: 

sexta-feira, 18 de maio de 2012

A epistemologia reformista de Plantinga


Autor: Domingos Faria

«A epistemologia da crença religiosa é uma área da filosofia da religião que procura responder ao seguinte problema: haverá justificação para se ter fé sem provas, argumentos ou indícios? Ou formulando de outra forma: será epistemicamente legítimo acreditar em Deus sem provas, argumentos ou indícios? Além das respostas tradicionais de William Clifford e de William James a esse problema, há uma resposta mais contemporânea e filosoficamente prometedora: a epistemologia reformista de Alvin Plantinga (n. 1932). Chama-se “reformista” à sua epistemologia porque este filósofo se identifica com o pensamento reformista, tradição protestante que remonta a João Calvino.»


quinta-feira, 26 de abril de 2012

Letters to an Atheist Friend - Philosophical Considerations


1. The ontological argument
Letter 27: God, a being greater than which none can be thought, exists in the mind and therefore must exist in reality, since a being that exists in reality is greater than one that exists only in the imagination.

2. The cosmological argument
Letters 28-29: Since nothing can be the cause of itself, there originally had to be a First Cause, which we call God. (Aquinas’s efficient-cause argument)

domingo, 22 de abril de 2012

O argumento ontológico e o problema da possibilidade da existência de Deus

Autor: Pedro Merlussi

Na publicação do Proslogium, Anselmo de Aosta (1033-1109) apresentou um dos mais importantes argumentos a favor da existência de Deus da história da filosofia: o argumento ontológico. Este argumento sustenta a existência de Deus recorrendo unicamente a premissas conhecíveis a priori.1Embora o argumento ontológico não seja propriamente um único argumento, mas, como escreve Rowe, "uma família de argumentos" (Rowe, p. 42), pois encontramos diferentes versões em filósofos como Descartes (1646-1716) e Leibniz (1646-1716),2 a versão de Anselmo é a mais importante. A sua importância resulta de levantar um número elevado de questões filosóficas fundamentais e de ter estimulado uma série de reflexões ao longo da história da filosofia. No entanto, não tenho a pretensão de expor todos os comentários e discussões referentes ao argumento de Anselmo. Tampouco me limito a considerações meramente histórico-filosóficas. O interesse do presente ensaio é mais específico: apresentarei o argumento a fim de discutir sua segunda premissa ("será Deus um ser possível?"). O objetivo é mostrar que o defensor do argumento ontológico está obrigado a admitir que Deus é um ser nomologicamente impossível (tais conceitos serão explicados ao longo do texto). E não só isto; pretendo sustentar também que não há boas razões para aceitar a segunda premissa do argumento. Se a crítica for correta, não podemos considerar o argumento de Anselmo uma prova sólida a favor da existência de Deus.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Religiões e o avanço da ciência

Autor: Rogério Severo

Nos últimos cem anos, a ciência progrediu muito, trazendo grande ânimo às filosofias materialistas. No período, diversos pensadores influentes predisseram o declínio das religiões. Isso, no entanto, não aconteceu: as religiões adaptaram-se à realidade contemporânea, e continuam bem vivas e difundidas no mundo todo. A principal razão disso não está na engenhosidade dos religiosos nem na tendência humana de crer em mitos ou fantasias. É implausível que ilusões ou erros disseminados persistam por muito tempo se não têm algum amparo na realidade. Seguindo William James, podemos formular uma hipótese mais plausível: parte do que as religiões dizem é verdadeiro. De fato, há cinco afirmações comuns a todas as religiões, e por meio delas podemos iniciar uma investigação sobre a verdade das religiões.

sábado, 23 de abril de 2011

Deus: argumentos da impossibilidade e da incompatibilidade

Os argumentos da impossibilidade e da incompatibilidade visam mostrar que é impossível haver um ser com as propriedades do Deus teísta, concebido como existente necessário, onisciente, onipotente, moralmente perfeito, criador livre, imutável e transcendente. Esses argumentos tentam mostrar que um desses atributos ou que combinações desses atributos – ou desses atributos com outras teses teístas – são incoerentes ou inconsistentes entre si. A força dos argumentos da impossibilidade e da incompatibilidade para os ateístas é que eles diminuem os atributos de Deus, fazendo com que Deus, se existir, torne-se menos poderoso e, talvez, menos digno de honra.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

A crença apropriadamente básica e a crença básico-comprovada de Plantinga

Alvin Plantinga (1981) pensa de modo semelhante a William James sobre a aceitar uma crença sem indícios conclusivos, mas por outros motivos; ele diz que é correto, racional, razoável e adequado acreditar em Deus sem indícios e sem argumentos: quem aceita a crença na existência de Deus sem indícios ainda está em seu direito intelectual de acreditar. Mas para Plantinga “indícios” significa algo bem específico: significa “uma crença que sustenta outra crença”. Ele pensa que “nem todas as nossas crenças racionalmente defendidas podem ser racionais apenas em virtude de se sustentarem em outras crenças que defendemos e que são indícios das primeiras.” O processo de tornar racional uma crença por meio de outra crença racional tem de chegar ao fim. “Tem de haver crenças cuja adoção é racional sem as basearmos em outras crenças que sejam indícios a favor das primeiras” (Murcho, 2009, p. 109). Crenças essas, que são chamadas por Plantinga de “crenças básicas”. Assim, uma crença básica é aquela que não se fundamenta em outra crença, ou seja, é uma crença sem indícios.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

O indiciarismo probabilístico de Swinburne

Swinburne (1998) é um teísta e, contrariamente a Plantinga, que também é um teísta, ele é um indiciarista: ele acredita que é irracional aceitar o teísmo sem indícios suficientes. Contudo, ele acredita que temos indícios suficientes para aceitar o teísmo. Ele pensa que uma boa teoria teísta não poderia rivalizar com as teses científicas, mas deve ser compatível com elas.A ciência pode explicar muito da realidade, mas não tudo – diz ele. Ela não consegue explicar por que há algo e não nada, ou por que há estas coisas/leis e não outras completamente diferentes. As ciências apenas explicam as coisas ou as leis por meio de outras coisas ou outras leis mais gerais, mas ela não pode nos dizer por que, por exemplo, as constantes fundamentais são as que são. A hipótese teísta, diz Swinburne, pode.

terça-feira, 19 de abril de 2011

A vontade de acreditar de James

William James (1897) pensa de um modo muito peculiar. Ele concorda com Clifford (1877) em as pessoas deverem ser ajuizadas de acordo com as ações que praticam e de acordo com as crenças que adotam, e com sua regra 1 (ou seja, “se alguém sabe de indícios contra uma hipótese e não sabe de indícios a favor, então se ela aceita a hipótese, comete uma imoralidade”). James discorda de Clifford justamente na regra 2 (“se não há indícios contra ou a favor da crença, é imoral aceitá-la ou rejeitá-la”), porque pensa que, quando uma hipótese é indecidível e apresenta uma opção genuína, não é incorreto deixar a nossa natureza passional decidir (podemos acreditar no que nos apetece). E a hipótese religiosa é indecidível – pois temos indícios para crer tanto no teísmo, quanto no ateísmo – e nos apresenta uma opção genuína. Uma opção genuínas é uma hipótese que é viva, momentosa e forçosa. Uma hipótese é viva (diferente de morta) quando ela é atrativa por aparentar ser uma possibilidade real. Uma hipótese é momentosa (diferente de trivial) quando podemos não vir a ter outra possibilidade de decidir entre hipóteses, quando não podemos facilmente reverter a escolha, ou quando há consequências importantes advindas da escolha. E uma hipótese é forçosa (diferente de evitável) quando não decidir entre hipóteses tem as mesmas consequências de se decidir por uma delas.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

A postura agnóstica de Clifford

Uma resposta para se é racional acreditar em algo sem indícios suficientes advém do pensamento de W. K. Clifford (1877). Ele pensa que não temos o direito de acreditar em algo sem indícios adequados, pois não há justificação para adotar uma crença sem indícios suficientes. E, ao acreditarmos sem indícios, prejudicamos o desenvolvimento social por enfraquecer o hábito de investigar e testar as nossas crenças. Isso prepara a sociedade para as pessoas serem rodeadas por mentiras; o que, em última instância, as levaria à selvageria. Assim, se não temos bons indícios para o teísmo e nem para o ateísmo, devemos ser agnósticos.

O Problema do Mal

O problema do mal é o problema que se coloca ao teísta de explicar como é possível haver o Deus teísta frente à quantidade e/ou qualidade dos males existentes no mundo. Os argumentos ateístas a partir do problema do mal tomam duas formas: (I) a forma lógica: a existência de Deus é incompatível com a existência de mal; e (II) a forma indiciarista: a quantidade de mal que há no mundo dá sustentação racional para a crença de que o Deus teísta não existe. Mais especificamente, a forma lógica nos diz sobre as proposições “Deus existe e é onipotente, onisciente e sumamente bom” e “o mal existe”, que elas são inconsistentes entre si. Assim, se uma é verdadeira, a outra terá de ser falsa. Qualquer uma dessas proposições que for falsa causará problemas para o teísta: se for a primeira, ou Deus não existe, ou não tem alguma de suas qualidades fundamentais; se for a segunda, o teísta terá que explicar como pode pregar que haja ações más, se não existe o mal. Como as proposições “Deus existe e é onipotente, onisciente e sumamente bom” e “o mal existe” não são explicitamente inconsistentes entre si, o ateísta terá de adicionar alguma premissa necessariamente verdadeira ao grupo de premissas, e daí derivar um par de afirmações explicitamente contraditórias.

domingo, 17 de abril de 2011

Os argumentos do desígnio


Os argumentos do desígnio partem da complexidade intrincada das relações entre as partes do universo, para concluir que seja o que for que produziu o universo, tem de provavelmente ser um ser inteligente. Eles dividem-se em dois tipos, de acordo com o tipo de objetos que exemplifica essa complexidade intrincada de relações: (I) no argumento do desígnio antigo, são os sistemas teleológicos naturais e, (II) no argumento novo, são as constantes fundamentais. Um sistema teleológico é um sistema composto de partes, tais que estas se encontram dispostas de tal modo que funcionam conjuntamente, sob condições adequadas, para servir a uma finalidade. E as constantes fundamentais são as constantes das leis da natureza que fundamentam o fato de todas as coisas existirem da forma que existem e não de outras.

sábado, 16 de abril de 2011

Os argumentos morais da existência de Deus


Algumas pessoas têm a impressão de que Deus se relaciona com a Ética de um modo bem profundo, como se ele fosse, de alguma forma, necessário para a nossa moralidade. Em Ética e Filosofia da Religião, a relação entre Deus e a moralidade costuma ser defendida de três formas: (I) Deus tem um papel metafísico na moralidade, ou seja, a verdade dos juízos morais depende da vontade e das atitudes de Deus. (II) Deus tem um papel epistêmico na moralidade, ou seja, adquirimos o conhecimento sobre quais são os juízos morais verdadeiros por meio de Deus. (III) Deus tem um papel motivacional na moralidade, ou seja, Deus fornece uma razão para sermos morais.

O argumento ontológico

O argumento ontológico (Rowe, 2007, cap. 3) começa com um conceito de Deus e estabelece sua existência com base em princípios a priori (princípios cuja verdade podemos saber sem termos de verificar no mundo). Anselmo foi um dos maiores defensores desse argumento. As definições e os pressupostos iniciais de que parte o argumento ontológico estão apresentados a seguir: (a) Uma coisa contingente é algo que existe e poderia não existir, ou algo que não existe e poderia existir; (b) Uma coisa impossível é algo que não existe e não poderia existir; (c) Uma coisa necessária é algo que existe e não poderia não existir; (d) Uma coisa possível é algo que não é impossível; (e) “X não existe” equivale a “X existe apenas no entendimento, e não na realidade”; (f) “Deus” equivale a “o ser maior do que o qual nenhum é possível”; (g) “Maior” equivale a “mais digno”, “mais perfeito”; “maior” é um atributo de grandeza.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

A crença nos milagres e a experiência mística/religiosa

Um dos apelos teístas pela crença na existência de Deus são os milagres. Tem sido um grande problema da Filosofia da Religião saber (1) se é possível acreditar em milagres; e, se for, saber (2) se é razoável acreditar que ocorreu um milagre. Rudolf Bultmann (Rowe, 2007, p. 137) acredita que não, pois pensa que os milagres fazem parte de uma mundividência pré-científica. 



O argumento cosmológico e os argumentos cosmológicos kalam


O Argumento Cosmológico é dividido em duas partes: (I) Parte da premissa de que as coisas são causadas por outras e tenta provar que há um ser necessário ou que há um ser que causa mudança nas coisas e é imutável. Para, então, (II) tentar provar que esse ser tem necessariamente os atributos do deus teísta.


quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Por que Deus não poderia ter feito o mundo?

Resumo: O mundo é tudo que há. Ele é repleto de entidades que o formam e que nele estão presentes. De alguma forma, sentimos que precisamos de uma explicação para a existência das coisas presentes no mundo e, talvez, do próprio mundo. Neste ponto, é comum nos perguntarmos se o mundo sempre existiu ou se passou a existir; e, se passou a existir, perguntamo-nos se foi ou não criado. Dizem alguns que Deus criou o mundo e, de alguma forma, tudo que há nele. Considero essa tese contraditória. E o que pretendo mostrar neste artigo são os motivos das minhas considerações. O meu caminho argumentativo é mostrar que certas entidades formadoras do mundo são entidades necessárias e que, portanto, não poderia ser o caso de elas terem sido criadas, já que a criação pressuporia que antes da mesma não havia tal entidade necessária, e uma entidade necessária não poderia não existir. Se assim o for, isso mostraria que tais entes não podem ser criados, ainda que por Deus.