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domingo, 27 de setembro de 2020

Tópicos em Metafísica Contemporânea


 

Tópicos em Metafísica Contemporânea

Rodrigo Reis Lastra Cid (Org.)

Os textos selecionados aqui têm todos a característica de serem incursões na metafísica contemporânea, em questões sobre a natureza da matéria, do espaço, do tempo, das propriedades, da causalidade, das leis da natureza e, inclusive, do livre-arbítrio. Este livro não pretende ser exaustivo, mas ser uma apresentação de o que alguns dos metafísicos brasileiros – Rodrigo Alexandre de Figueiredo, Mayra Moreira da Costa, Pedro Merlussi e eu – vêm refletindo academicamente nesses domínios da filosofia pelos anos. Ainda que este livro não forme uma visão de mundo unificada, ele é relevante, por apresentar vários tópicos interessantes e algumas visões argumentativas sobre eles. Por que há algo, e não nada? Uma das questões mais desconsertantes da metafísica é tratada neste livro. Tal como também a questão sobre como explicar a continuidade dos objetos materiais. Esses objetos materiais ocorrem no espaço e no tempo, mas para sabermos o que é o tempo, precisamos refletir sobre o mesmo, e um dos capítulos deste livro promete uma boa reflexão. A causalidade das coisas materiais no tempo não pode ser explicada sem falarmos das propriedades das coisas e das leis da natureza que as regulamentam, temas aos quais muitos capítulos deste livro são dedicados, e nem sem falarmos sobre a natureza da causalidade indeterminística, dado que muitas das leis físicas contemporâneas (talvez todas) estabelecem probabilidades. Como é difícil pensar em leis, sem falarmos sobre como elas impactam as coisas possíveis e as coisas necessárias, falamos um pouco sobre as modalidades aléticas com elas relacionadas. E como o nosso livre-arbítrio parece produzir problemas especiais para algumas visões das leis, tratamos também desse tema. Terminamos o livro com uma sugestão de leitura, na forma de uma resenha de um livro muito importante para a introdução em temas interessantes da metafísica.

Nº de pág.: 305

ISBN: 978-65-87340-32-6

DOI - 10.22350/9786587340326

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segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Feixe Temporal (ou esboço sobre o nós)






Quem somos nós senão seres repletos de solidão? Como posso eu, portanto, falar de um nós já que o outro que me correspondo me é tão desconhecido e somos intransmissíveis em nosso sentimento? A Comunicação, desse modo, parece algo infrutífero, senão impossível! No entanto, tentamos desesperadamente nos comunicar...
E se o problema está no sentimento, em como transmiti-lo, a resposta também parece vir dele. O Amor se assemelha a um desses momentos em que duas solidões tentam se encontrar e se relacionar. Mas o quanto de nós pode ser transmitido ao outro? Não seria algo enganoso dizer que nos ‘unimos’ ao outro, que há, de fato, uma troca entre dois seres? O que eu sinto me parece tão propriamente meu, tão incomunicável ao outro, que me parece impróprio falar de um ‘nós’. Entretanto, se não há um nós como pode haver amor? Quando eu digo ‘eu te amo’, é preciso que haja um outro que seja objeto desse amor. Mas o que é esse outro que amo e que nada dele pode ser por mim conhecido? Como hipótese para um esboço do caminho a ser percorrido, se quisermos alcançar uma resposta, proponho o feixe temporal.

terça-feira, 23 de julho de 2013

No Jardim da Filosofia: Desidério Murcho sobre a necessidade


NO JARDIM DA FILOSOFIA é uma série de curtas entrevistas sobre tópicos filosóficos, com caráter elementar e introdutório. Os entrevistados são principalmente filósofos ou estudiosos das áreas sobre as quais são entrevistados. As entrevistas são realizadas por Aires Almeida, que conta com o apoio da Didáctica Editora. Todos os vídeos da série podem ser livremente acessados aqui

Neste vídeo, Desidério Murcho fala sobre a "necessidade":




segunda-feira, 15 de abril de 2013

O legado do Aufbau



Vale a pena conferir o novo (lançado em outubro do ano passado pela Oxford University Press) e empolgante livro de David Chalmers, Constructing the WorldComo o nome sugere, o livro é influenciado pelo  Der Logische Aufbau Der Welt (Logical Construction of the World) de Carnap, um dos projetos mais ambiciosos do fundacionismo no século XX -- tentava reduzir a base de todo nosso conhecimento a impressões sensíveis assumindo uma tese controversa, conhecida como fenomenismo, de que o mundo nada mais é do que a construção lógica de nossas impressões sensíveis. Embora a motivação de Carnap fosse primariamente epistemológica, a de Chalmers parece ser primariamente metafísica (e não fenomenista). Eis a descrição das costas do livro:

domingo, 17 de março de 2013

A equivalência entre massa e energia (Tradução SEP)

Tradutor: Raphael Lapa
Revisor: Osvaldo Pessoa


O presente artigo pretende apresentar uma visão panorâmica acerca das interpretações filosóficas advindas do resultado mais importante, de acordo com Einstein, da Teoria da Relatividade Restrita: a equivalência entre massa e energia. Em um primeiro momento será explicitada a aplicação física da equivalência. Com isso, passar-se-á a uma investigação das seis interpretações filosóficas distintas da referida equação. Também a importância filosófica e a história das derivações de E = mc² será tratada. Por fim, serão relatados alguns resultados recentes quanto à confirmação empírica da equivalência entre massa e energia.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Resenha de MacBride, F. (2009). "Universals: the contemporary debate". In: R. Le Poidevin, P. Simons, A. McGonigal, R.P. Cameron (eds.). The Routledge Companion to Metaphysics. Oxon: Routledge, pp. 276-285.

Resenhista: Rodrigo Cid


O problema no qual se inserem nominalismo e realismo, diz-nos MacBride, é o de como explicar as características repetidas das coisas. Enquanto o realista nos diz que as características repetidas se explicam por serem universais, ou seja, por serem as naturezas comuns que várias coisas compartilham, o nominalista nos diz que é possível explicar essas características repetidas com apenas particulares concretos (sem universais).

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Aulas de filosofia da ciência

Uma iniciativa muito bem vinda da Escola Paranaense de História e Filosofia da Ciência. O Professor Michel Ghins (U. Louvain) dá algumas lições dos mais importantes temas de filosofia da ciência. Eis o primeiro vídeo:


quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Resenha de Heil, J. From an Ontological Point of View; cap. 1-5. New York: Oxford University Press, 2003.

Introdução


Objetivo do autor: Desenvolver os elementos centrais de uma ontologia que tenha bastante poder teórico, que se adéqüe bem (fits well) às ciências empíricas e à plausibilidade comum, que consiga encaixar a consciência e os qualia num mundo material, e que esclareça, pelo menos em parte, a relação entre os predicados e as propriedades com os sortais (termos substantivos) e as substâncias. Além disso, ele pretende também indicar como a Teoria da Figuração (Picture Theory: PT), por vezes junta de uma certa concepção de análise filosófica, nos leva a enigmas ontológicos que poderiam ser evitados ao abandonarmos tal teoria.
Tese 01: A ontologia não é eliminável, pois as tentativas são auto-derrotantes.
Tese 02: Fazer ontologia é diferente de fazer análise filosófica.
Tese 03: Devemos abandonar PT por nos levar a enigmas e problemas, como: (a) a aceitação da existência de níveis de ser, (b) a fusão entre proposição e estado de coisas (descrição e o que é descrito), (c) a redução ontológica implicar redução analítica (conceitual), e (d) a aceitação da existência de objetos coincidindo espacialmente ou se sobrepondo.
Tese 04: A visão de que fazer verdade (truth making) deve ser visto como implicação lógica (entailment) está, em princípio, mal orientada e é potencialmente enganosa.
Tese 05: Propriedades intrínsecas de concreta são sempre uma dupla de qualidade e disposição (ou, como prefere o autor, qualidade e disposicionalidade).
Tese 06: Propriedades devem ser vistas como modos, e não como universais.


sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Uma tirinha possível

"Necessariamente, o sal se dissolve em água" de Alexander Bird

Tradutor: Rodrigo Cid


Neste artigo pretendo mostrar que certa lei da natureza, a saber, o sal comum (cloreto de sódio) se dissolve em água, é metafisicamente necessária. A importância desse resultado é que ele entra em conflito com a intuição largamente compartilhada de que as leis da natureza (a maioria, se não todas) são contingentes. Tem havido debates sobre se algumas leis, tal como a segunda lei da Newton, podem ser definições de seus termos-chave e, portanto, serem necessárias. Porém, a lei de que o sal se dissolve em água não é uma lei desse tipo. A lei ‘o sal se dissolve em água’ é claramente sintética. Ela parece um caso clássico de uma lei contingente. Nós estamos inclinados a acreditar que há mundos possíveis nos quais as leis da natureza são diferentes e nos quais o sal não se dissolve em água.

sábado, 1 de setembro de 2012

RAZÕES E CAUSAS - Podem as razões subjacentes a uma ação ser as causas eficientes dessa ação?

Este ensaio propõe-se tentar responder à questão formulada no título, investigando filosoficamente o poder causal efectivo da razão prática para determinar a acção humana. Para alcançar esse objectivo, após algumas considerações introdutórias, que visam, de forma sucinta, esclarecer o sentido e alcance da questão, assim como situá-la polemicamente no contexto histórico-filosófico passado e presente, iremos proceder à formulação e análise crítica de alguns dos principais argumentos favoráveis tanto a uma resposta negativa como a uma resposta cética (ou agnóstica) e finalmente afirmativa para o problema, avaliando-se filosoficamente os prós e contras inerentes às três hipotéticas soluções, após o que se retirará uma conclusão final decorrente desse processo, a qual se pretende que constitua uma resposta tão plausível e racionalmente sustentada quanto possível ao problema fundamental. 

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

O que é uma propriedade essencial?

Autor: Pedro Merlussi


Uma maneira muito comum de definir o conceito de propriedade essencial é através de conceitos modais. Entretanto, esse tipo de definição enfrenta alguns contraexemplos apresentados por Kit Fine (1994). Além disso, Fine oferece uma caracterização alternativa do conceito de propriedade essencial que não faz uso de conceitos modais. Neste artigo, defendo que (i) a caracterização alternativa de Fine não é bem-sucedida e que (ii) seus contraexemplos tampouco o são. 


Resenha de "An Essay on Free Will" de Inwagen

Resenhista: Pedro Merlussi


Há certa tensão entre duas de nossas crenças mais razoáveis: a crença de que temos livre-arbítrio e a crença de que o determinismo é verdadeiro. O determinismo é a tese de que o passado mais as leis da natureza determinam um futuro único. Por exemplo, se o determinismo é verdadeiro, a caneta que acabei de soltar está determinada a cair, dado o passado mais as leis da natureza. Quanto ao livre-arbítrio, é difícil dizer algo consensual, mas comumente se aceita que uma condição necessária para ter livre-arbítrio é poder se decidir de outro modo. Por exemplo, se o leitor tem livre-arbítrio, parece que poderia ter decidido não ler esta resenha. E diríamos que intuitivamente o leitor tem livre-arbítrio. Por outro lado, parece que também temos razões para pensar que o determinismo é verdadeiro. Intuitivamente, as leis da natureza e o passado determinam que as coisas aconteçam apenas desse modo. E se assim o for, aparentemente se segue que nossas decisões são também determinadas, e que por isso não poderiam ser diferentes. Assim voltamos à tensão inicial: as crenças de que temos livre-arbítrio e de que o determinismo é verdadeiro são plausíveis, mas parecem incompatíveis. Mas será que de fato o são? Alguns pensam que sim, outros pensam que não. Os primeiros, conhecidos como incompatibilistas, têm a seu favor a intuição de que essas crenças não são compatíveis. Já os últimos, conhecidos com compatibilistas, defendem a conclusão mais desejável; tanto melhor se conseguirmos compatibilizar as duas crenças que, consideradas separadamente, são muito plausíveis. Motivações para ambas as posições, bons argumentos para cada lado e muita controvérsia. Eis aqui um dos principais problemas da filosofia.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Estudos para concurso

Possibilidades
  1. O que é a necessidade? (Lógica, analítica, metafísica, epistêmica, nomológica...)
  2. Modalidede alética e modalidade deôntica (distinção de axiomas – p. ex.: Nec P → P).
  3. Vocabulário dos mundos possíveis e modalidades (bicondicionais intramodal e extramodal).
  4. Objetivos e utilizações do vocabulário dos mundos possíveis → diferente capacidade explicativa e diferentes comprometimentos ontológicos.
  5. Objetivos para o vocabulário: (a) análise conceitual (intensional-extensional), (b) análise ontológica (truthmaker para proposições), (c) análise semântica (model-theoretic semantics – Kripke style). [Purgar entidades duvidosas (essências, modalidades, proposições, propriedades...) por análise semântica, ontológica ou conceitual.] (mostrar propriedade como intensional: Px = Py sse “Px” e “Py” são V nos mesmos mundos – Quine. | P → Q = não há PW em que P e ~Q | Redutibilidade: em todos os PW, todo B tem A; Independência: há PW em que A e ~B...)
  6. Aplicações ontológicas: (1) identificação ontológica, (2) ser fazedor de verdade de sentenças modais (p. ex.). [1: Para todo x, Fx sse Wx (Fx: entidade a ser reduzida | Wx: constructo de mundos) (não implica que existe x tal que Wx, i.e., não tem comprometimento ontológico ainda); 2: Pw ser fazedor de verdade (realismo) → permite aplicação ontológica (PW faz sentença possível não actual ser V).
  7. Aplicação semântica: construção de linguagem formal modal (Kripke/Tarski) | Objetivos da semântica: regimentar sentenças da linguagem natural, teoria do significado para termos modais na linguagem natural, explicar a validade de inferências modais (p.ex.: Nec P → P), resultados metalógicos (completude: toda fórmula válida é demonstrável | correção: regras de inferências demonstram somente fórmulas que são válidas), justificar lógica de primeira ordem para avaliar argumentos modais. Interpretação deve permitir a construção de tal semântica. No caso de anti-realistas, eles devem justificar o uso da semântica, mostrando como não se comprometer com quantificação existencial a indivíduos e mundos não actuais.
  8. Semântica modal (2 estágios): (I) teoria semântica pura (fala apenas de papel funcional, sem mencionar mundos possíveis e nem a linguagem natural), (II) teoria semântica aplicada (relaciona operadores modais com a linguagem natural). Exemplo de I: (V, Poss) =df. V = T sse existe v acessível a w e V = T | (V, Nec) =df. V = T sse para todo v acessível a w, V = T, senão V = F | [V: valor] (substituir nec por box e poss por diamond)
  9. Vantagens: esclarecer interações modais e relação de acessibilidade (mesmas restrições).
  10. Vantagem: esclarece a discussão sobre a modalidade absoluta.
  11. Uso do vocabulário PW deixa em aberto: a forma lógica, o conteúdo conceitual e o comprometimento ontológico. (dependeria da interpretação)
  12. Interpretação – decidir sobre: (i) aptidão para a verdade das PW-sentenças e verdade de PW-sentenças contestadas; (ii) indicar padrão de valores de verdade para as PW-sentenças; (iii) mostrar a estrutura semântica das PW-sentenças, (iv) dar o significado de termos teóricos chave contidos na PW-sentenças.
  13. Questões para decidir interpretação: (1) PW-sentenças estão aptas à verdade?, (2) alguma PW-sentença contestada é verdadeira?, (3) PW-sentenças permite a inferência de PW não actual? [Para responder iv, precisamos dar respostas para 1, 2 e 3 anteriormente.]
  14. Respostas:
  15. Abstencionistas: sem interpretação / sem uso substantivo
  16. Realistas genuínos: sim para 1, 2 e 3. (quantifica irrestritamente | PW é entidade maximal concreta) (Lewis)
  17. Realistas actualistas: sim para 1, 2 e 3. (quantifica sobre o que é actual | PW = tipos de estados de coisas, ou combinação de propriedades e indivíduos actuais (Armstrong), ou tipo de propriedade complexa, ou tipo de coleção de sentenças interpretadas)
  18. Anti-realista: nega 1, ou 2, ou 3. (Devem justificar o uso da semântica, mostrando como não se comprometer com quantificação existencial a indivíduos e mundos não actuais.
  19. Anti-Realista nega a: não factualismo.
  20. Anti-Realista nega b: factualismo + teoria do erro.
  21. Anti-Realista nega c: dar abordagem positiva da estrutura semântica.

Outros usos do vocabulário dos PW:
  • Epistemologia Modal
  • Explicações cosmológicas a priori
  • Universos paralelos na física
  • Benefício psicológico para pensar modalidades e interação.


Deus

  1. Como compatibilizar a existência do deus teísta com a quantidade e qualidade dos males que há no mundo e no além (inferno)?
  2. Formas do problema do mal: (a) lógica (incompatibilidade) e (b) indiciária (mal é indício que Deus não existe)
  3. (a) I. Deus existe e é onipontente, onisciente e onibenevolente. II. O mal existe. [Dilema: se I é falso, o teísmo é falso; se II é falso, não há pecado e remissão.]
  4. Explicitar a inconsistência: III. Um ser onisciente, onipotente e onibenevolente impede qualquer mal. [I e III → ~II; I e II e III → (I e III) e II → (I e III) e II e ~II (inconsistente)]
  5. Resposta: há males, mas Deus não os evitaria, pois há males necessários para certos bens que ultrapassam o mal (ex.: cansaço e objetivo realizado | males e livre-arbítrio).
  6. Explicações: Mal de 1a ordem: dor, sofrimento e doença (permite simpatia, gentileza, heroísmo); Bem de 1a ordem: prazer, felicidade | Bem de 2a ordem: bem cujo mal de 1a ordem é necessário – bem de 2a ordem é sempre mais valioso que mal de 1a ordem)
  7. Analogia bons pais – Reformulação de III: um ser onipotente, onisciente e onibenevolente impede qualquer mal que não seja necessário para um bem superior (→ não há males sem sentido: mal não necessário para um bem superior).
  8. Males de 2a ordem não são “absorvidos” por bens de 2a ordem. Ex.: crueldade, malevolência, calúnia, covardice.
  9. Há males sem sentido? Como justificar os males de 2a ordem?
  10. Respostas: (i) teísmo cético, (ii) teodiceia.
  11. (i): impossível saber se há males sem sentido, pois Deus conhece bens apenas acessíveis a ele; ou a bondade de Deus é diferente da nossa (Hume: então não sabemos o que seria Deus ser bom. Stuart Mill: Deus é dito como bom, mas descrito como mal. Se a bondade de Deus é diferente da nossa, não sabemos o que é a onibenevolência.)
  12. Objeção: analogia dos bons pais não é boa, pois Deus se oculta.
  13. Resposta: até a ocultação de Deus pode ser em função de um bem maior (como ter livre-arbítrio e não se sentir obrigado por Deus a agir).
  14. Objeção: os fins justificam os meios? (Imoral utilizar um ser autônomo como um meio para um fim | E seria injusto) (Deus cria mundo assim, para o homem sentir necessidade de religião e devoção [problema: incompatível com onibenevolência], ou ele usa de males para obter boas finalidades [problema: incompatível com a onipotência].
  15. (ii): dizer os objetivos de Deus para permitir a quantidade e qualidade de males que há no mundo e no além (tentar mostrar que não há males sem sentido).
  16. Ex.: Males de 2a ordem são justificados por bens de 3a ordem, como o livre-arbítrio.
  17. Objeção: Males de 2a ordem não são necessários para o livre-arbítrio.
  18. Resposta: não são necessários, mas dado o livre-arbítrio, por vezes tais males irão ocorrer. E o livre-arbítrio é necessário para um bem de 4a ordem (Objeção: qual? Quantas ordens iremos aceitar?)
  19. Ex. de teodiceia: John Hick e a edificação da alma (ela é importante, para querermos, livremente, não realizar o mal) (escolhas livres → sofrimento → crescimento) (progresso para o bem é melhor do que governança eterna do bem) (pecado + redenção é melhor do que inocência sem pecado e sem redenção – objeção: debatível: pai fica feliz com o retorno do filho pródigo, mas ele não preferiria ter algum filho pródigo do que não ter nenhum pródigo → nada indica que pecado+redenção é melhor).
  20. Objeção: mundo hostil ao desenvolvimento espiritual e não parece justo.
  21. Resposta: se o mundo parecesse justo, as pessoas agiriam bem por medo, e não por senso de dever ou por compreensão de que o bem é melhor. O mal imerecido gera valores elevados na vida pessoal.
  22. Objeção: o desenvolvimento moral do assassino não justifica a morte de um inocente.
  23. Objeção 2: Isso não dá conta do mal natural (e alguns males morais, como a crueldade física, só são possíveis pela existência de males físicos, como a pele ser cortável, p. ex.). (resposta: dá, sim. O mal imerecido gera altos valores – Hick) (Plantinga: mal natural é causado por anjos caídos. Objeção de Swinburne: anjos ad hoc ajuda a desconfirmar a existência de Deus; além disso, o teísmo está em disputa, portanto não pode dar apoio positivo).
  24. Objeção 3: como nem todos se desenvolvem moralmente plenamente nesta vida, o objetivo de Deus só faria sentido se houvesse reencarnação.
  25. Resposta (evasiva): impossível justificar cada mal, mas é possível dizer que não haveria desenvolvimento moral em paraíso hedonista.
  26. Resposta (acertiva): assassinato é justificado pelo livre-arbítrio e mal natural não é mal, mas é infortúnio da convivência entre espécies).
  27. Objeção: se Deus é onipontente, porque criar espécies que causarão males umas às outras?
  28. Objeção: se o céu (com seres que livremente escolhem sempre o bem) é possívelm por que não é actual? E, se é possível que um homem escolha sempre o bem, é possível que toda a humanidade o faça.
  29. Resposta: Livre-arbítrio implica variação na moralidade da ação.
  30. Objeção: se envolve variação, não entendemos como é um bem de 3a ordem. E, se envolve variação, então ou não é possível que haja céu, ou os humanos que escolhem sempre o bem não são livres.
  31. Desvio de Moore: provavelmente há males sem sentido; se deus existe, não há males sem sentido; logo, provavelmente, Deus não existe. Provavelmente Deus existe; se deus existe, não há males sem sentido; logo, provavelmente, não há males seem sentido.
  32. Sobre o desvio: o que é mais provável: existência de males sem sentido ou existência de Deus? | teísta depende que a crença na existência de Deus seja provável.
  33. Objeção: impossível ter indícios sobre a existência de Deus.
  34. Resposta: há indícios (argumentos: cosmológico, ontológico, desígnio, moral, explicação mística (abbdução)).
  35. Argumento estético pelo mal: o contraste aumenta a beleza (ex.: parte dissonante contribui para a beleza da música como um todo)
  36. Onisciência e livre-arbítrio: distinção: onipotência de 1a ordem (poder ilimitado de agir), onipotência de 2a ordem (poder ilimitado de determinar os poderes das coisas). Dar poder de livre-arbítrio para seres → limitar a onipotência de 1a ordem. Mas nada pode ter onipotência de todas as ordens simultaneamente.
  37. Resposta: pode, sim, se não usar a onipotencia de 2a ordem para restringir a de 1a.
  38. Temos livre-arbítrio mesmo ou Deus faz tudo ocorrer? (se deus tinha o conhecimento de tudo que iria ocorrer e de todas as possibilidades para criar as coisas, e se ele tem o poder de atualizar qualquer uma dessas possibilidades, parece que Deus escolheu como tudo seria, e não os próprios seres humanos). [Nesse caso, a distinção entre fazer e deixar ocorrer não é tão clara]
  39. Problema da omnificência: Deus é, junto com os humanos, também produtor do mal.
  40. Solução: Deus não pode controlar decisões de seres com livre-arbítrio.
  41. É possível o livre-arbítrio?
  42. LA: sem barreiras externas, sem barreiras psicológicas e sem causas suficientes. Temos consciência direta do LA.
  43. Objeção: Impossível ter acesso direto ao LA, porque embora possamos saber sobra a existência ou inexistência de barreiras externas, conhecemos muito menos as nossas barreiras psicológicas e as causas suficientes das nossas ações (não é possível consciência direta da falta de causalidade, i.e., não é possível evidência introspectiva do LA.
  44. Resposta possível: Deus não sabe o que farão as pessoas com LA, mas sabe tudo que há para saber.
  45. Objeção: reduz muito o conhecimento de deus: ele saberia o mesmo que nós podemos saber sobre o que ocorrerá no mundo humano. Redução de conhecimento → Redução de poder.
  46. Resposta: Deus assumiu os riscos de criar humanos com LA.
  47. Objeção: Negligência.
  48. Indeterminismo ser V ajuda o teísta?
  49. Não, pois ações seriam randômicas e não explicáveis.
  50. Não, pois não poderíamos utilizar o LA para explicar o mal. A ação má seria randômica, e não responsabilidade de seres autônomos e livres.
  51. Plantinga: há pessoas com depravação transmundial (essencialmente depravado) (fazem ação má em qualquer mundo em que existam), e isso é a fonte do mal.
  52. Objeção: ou Deus não criaria tais pessoas, ou só as criaria se fosse necessário para haver LA. Mas depravação transmundial não parece uma condição necessária do LA.
  53. Se formos utilizar realmente o conceito de LA, ele deve seguir as seguintes condições:
  54. (1) Decisões livres são independentes da essência do agente, de modo que não poderiam ser divinamente previstas; (2) ser um bem tão valioso (ou ser necessário para tal bem) que supera todos os males não absorvidos ou o risco desses males (pra não cair em negligência); (3) LA não pode colocar o homem fora da possibilidade de controle por Deus.


Existência

  1. Argumentos metafísicos, epistêmicos e lógicos.
  2. Arg.: Ontológico, cosmológico, modal, design (teleológico) e incompatibilidades de propriedades ou inconsistência de alguma propriedade.
  3. Arg. Ontológico: (1) conceito de Deus, (2) estabelece existência de Deus a priori.
  4. Arg. Ontológico de Anselmo (definições):
  5. X não existe = X existe apenas no entendimento.
  6. Deus = o ser maior do que o qual nenhum é possível.
  7. Existência é qualidade produtora de grandiosidade (debatível: sempre é possível ser melhor do que o que existe, a não ser que estejamos no melhor dos mundos possíveis)
  8. Argumento:
  9. Deus existe no entendimento. Deus poderia existir na realidade. Se algo existe no entendimento, e não na realidade, então poderia ser maior do que é. Suponha que Deus existe apenas no entendimento. Logo, Deus poderia ser maior do que é. Logo, é falso que Deus exista apenas no entendimento. Logo, Deus existe na realidade e no entendimento.
  10. Objeção de Gaunilo: Ilha mais perfeita possível existe.
  11. Resposta: argumento de Anselmo serve apenas para Deus, porque só ele tem qualidades infinitas e a existência só é produtora de grandeza para seres com qualidade infinitas.
  12. Objeção: ad hoc.
  13. Objeção 2: argumento diz que Deus é possível, mas não sabemos se Ele o é. Pode ser que sempre possa haver um ser maior (tal como no caso dos números).
  14. Resposta: “Log poss → Met poss” é anti-intuitivo. Então a poss lógica de Deus não implica sua poss metafísica. Deus é nomologicamente impossível, mas algumas impossíbilidades nomológicas são possibilidades metafísicas (as leis são metafisicamente contingentes, embora nomologicamente necessárias). Deus seria metafisicamente possível.
  15. Objeção: argumento ruim, porque há algumas impossibilidades nomológicas que não são possibilidades metafísicas.
  16. Objeção 3: não podemos determinar se há algo que satisfaz um conceito, ao adicionarmos ao conceito que o objeto existe (ex.: conceito: a ilha de 1000 bananeiras que existe – Ainda caberia perguntar se há algo que cai sob esse conceito).
  17. Arg. Ontológico de Descartes: ideia de perfeição | toda ideia vem de algo existente | Logo, há algo perfeito. | Só Deus é perfeito. | Logo, Deus existe.
  18. Arg. Desígnio: complexidade/ordem → criador inteligente
  19. Complexidade = (1) sistemas teleológicos naturais (ex.: olho – partes unidas em virtude de uma finalidade), (2) constantes fundamentais das leis do universo (probabilidade reduzida de exatamente essas constantes).
  20. Argumento 1: As máquinas são produzidas por seres inteligentes. O universo se assemelha a uma máquina. Logo, provavelmente o universo foi produzido por seres inteligentes.
  21. Objeções (Hume): não conhecemos todo o universo → não podemos saber a segunda premissa. | Ser produzido por seres inteligentes não implica a existência do Deus teísta.
  22. Reformulação do argumento: As máquinas são produzidas por seres inteligentes. Muitas partes naturais do universo se assemelham a uma máquina. Logo, provavelmente muitas partes naturais do universo foram produzidas por seres inteligentes.
  23. Objeção: seleção natural e evolução (Darwin) são teoria alternativa plausível (ex.: olho).
  24. Argumento 2: É uma possibilidade remota que as constantes permitam a vida humana. Logo, é provável que tenham sido escolhidas por desígnio inteligente. (Swinburne: probabilidade com hipótese teísta é maior do que sem a hipótese teísta, pois: explica probabilidade, deus teísta é mais simples que outras explicaçõe, explica nossa capacidade de apreender a realidades, explica a existência de ordem e de vida mental (ambas são boas e Deus é bom) [Objeções: teísmo não é mais simples que teorias científicas (Deus não é simples, se tem características que nós temos em nível máximo, pois nós não somos simples) | Só a hipótese teísta explica porque as coisas têm os poderes que têm (sem ela, é fato bruto) [Objeção: dizer que Deus fez assim não explica; para ter explicação, é preciso dizer como Deus fez. Além disso, falta clareza explicativa e simplicidade conceitual].
  25. Objeção dos mundos possíveis: se existem muitos PW, então nosso mundo não é possibilidade remota.
  26. Resposta (Swinburne): não temos evidência de outros PW e nem é possível obter, mas temos indícios pelo Deus teísta.
  27. Objeção: essa resposta removeria a priori a teoria dos muitos mundos da jogada.
  28. Objeção final: mesmo que os argumentos do desígnio estejam corretos, eles não provariam a existência do Deus teísta.
MORAL
  1. Papeis possíveis de Deus na moralidade: metafísico (verdade moral), epistemológico (conhecimento moral) e motivacional (razão para agir moralmente).
  2. Sobre o papel metafísico: Voluntarismo e Dilema de Eutífron (Platão) (ética arbitrária e subjetiva x ética objetiva para além dos poderes de Deus)
  3. Alternativa: naturalismo (moral sobreveniente ao natural): se o voluntarismo for V, a moral não é sobreveniente ao natural. → vantagem para ateístas: podem reconhecer a moralidade; vantagem para teístas: mandamentos não são arbitrários.
  4. Argumento moral de Kant (papel metafísico de Deus, e não motivacional) (bem supremo = conexão entre virtude e felicidade): Temos o dever de promover o bem supremo. Se temos tal dever, então o bem supremo é possível. Se deus não existisse, o bem supremo não seria possível. Logo, Deus existe.
  5. Objeção 1: não temos o dever de promover o bem supremo. (não há contradição alguma em generalizarmos a não promoção do bem supremo)
  6. Objeção 2: pode haver dever de realizar os sonhos, ainda que eles sejam impossíveis.
  7. Objeção 3: Ainda que Deus não existisse, o bem supremo seria possível (por educação e leis) → Teísta deve responder porque Deus é necessário para o bem supremo.
ARGUMENTOS DA INCOMPATIBILIDADE E DA IMPOSSIBILIDADE DE PROPRIEDADES
  1. Argumentos contra a consistência do conceito de Deus teísta. Reduzem a grandiosidade de Deus, se ele existir.
  2. Soluções teístas: atacar premissas ateístas ou tornar o conceito de Deus mais vago (mais vagueza → menos conteúdo).
  3. Onipotência (não existe onipotência x refinamento da onipotência):
  4. (A) Poder de fazer tudo [problema: impossibilidades lógicas]
  5. (B) Poder de fazer tudo que é logicamente possível [problema: paradoxo da pedra]
  6. Objeção: criar tal pedra é tarefa contraditória.
  7. Resposta: humanos conseguem.
  8. Objeção: tarefas indexicais são problemáticas, porque a indexicalidade é problemática (lembrar do paradoxo do mentiroso).
  9. Resposta: muitas tarefas indexicais são realizáveis por humanos.
  10. (C) Realizar os estados de coisa que algum ser poderia realizar [problema: eu poderia realizar o estado de cair uma gota de chuva e não existir nenhum ser onipontente – um ser onipotente não poderia realizar tal estado [objeção: se um ser onipotente for existente em todos os mundos, então tal estado não seria realizável].
  11. (D) Realizar acontecimentos temporalmente repetíveis e realizáveis por outro ser. [objeção: muito fraco, pois os seres não divinos têm pouco poder].

  1. Onisciência: (A) conhecer tudo que há para ser conhecido.
  2. Objeção: se Deus é incorpóreo, não sabe realizar coisas corpóreas; Deus não conhece maus sentimentos (luxúria, inveja etc); Deus não sabe como é ser ignorante.
  3. Resposta: Deus sabe pela mente dos homens [problema: cair no panteísmo].
  4. (B) conhecer todo o conhecimento proposicional [problema: saber todas as crenças verdadeiras ainda deixa em aberto a possibilidade de ter crenças falsas]
  5. (C) B + x crê que P sse x sabe que P
  6. Objeção (Grim): Deus não pode saber que sou eu que estou sujando o chão (diferente de saber que Rodrigo está sujando o chão).
  7. Objeção 2: impossível saber todas as verdades, pois não existe conjunto de todas as verdades. Dado o conjunto de todas as verdades, seu conjunto potência (conjunto de todos os subconjuntos) terá mais verdades que o conjunto de todas as verdades (p.ex., as verdades de que tais elementos pertencem ao conjunto).
  8. Resposta: verdades de VP não são V nem F.
  9. Objeção: Bizarro. Seria como dizer que algo existe, mas não há verdades sobre esse algo, nem a verdade de que existe.
  10. Incompatibilidades de atributos:
  11. Onisciência e liberdade divina: Deus sabe o que fará?
  12. Perfeição moral e liberdade divina: Deus tem de criar o melhor PW, portanto não é livre (se deus não pode agir mal, então não tem escolha moral genuína e, portanto, não é moralmente louvável; e, se não é moralmente louvável, não é perfeito).
  13. Imutabilidade e onisciência: impossível algo imutável saber que está chovendo agora.
  14. Imutabilidade e Deus criador: impossível criar atemporalmente algo.
  15. Onisciência e liberdade humana: agir tendo o poder de agir de outro modo é inconsistente com a predestinação. [Respostas possíveis: abandonar a predestinação e aceitar presciência (analogia do telescópio) (problema: pouca distinção entre prever e predestinar, num caso aonde se tem todo poder e conhecimento); ou dizer que podemos mudar fatos com relação ao passado (fatos sobre o conhecimento de Deus) (problema: bizarro); ou negar que Deus tem presciência (i.e., liberdade como imprevisível, i.e., futuros contingentes não são V ou F); ou rejeitar liberdade (problema para o teísmo e o problema do mal).
COSMOLÓGICO
  1. Argumento: (1) coisas são causadas por outras, (II) há um ser incausado que causou a mudança, (III) Esse ser é deus.
  2. Anselmo: (A) todo ser é dependente (exist. Explic. Por outro) ou auto-existente. (B) nem todo ser pode ser dependente. (C) Logo, existe um ser auto-existente.
  3. A: a existência de algo não se explica por nada (PRS). (intuitivo x realidade não intuit)
  4. B: tem de haver o primeiro da série.
  5. Objeção: ignora série infinita para o passado.
  6. Resposta: tal série careceria de explicação.
  7. Objeção: a série de seres dependentes não é um ser dependente.
  8. Resposta: type e token têm explicações diferentes (eu e a espécie humana, p.ex.)
  9. Objeção: A explicação da série é o conjunto das explicações dos seres dependentes.
  10. Resposta: faltaria explicação para o fato de haver seres dependentes.
  11. KALAM: O universo tem um começo. A causa desse começo é X (teísta: x = Deus; ateísta: x = o próprio universo)
  12. Argumento: Se o nosso universo não teve começo, houve uma série infinitas de acontecimentos. Uma série infinita de acontecimentos é impossível [problema: isso implicaria um infinito de tempo entre o passado e nós]. Logo, o nosso universo teve um começo.
  13. Continuação: A causa é deus (teísta) x A causa é o próprio universo (ateísta)
  14. Quentin Smith: tudo que começa tem causa. O universo começou a existir. Logo, o começo da existência do universo tem causa. Como o universo é uma linha temporal semi-aberta em direção ao passado (t = o é matemáticamente impossível), não há um primeiro instante, mas há um primeiro momento (intervalo), pois para qualquer ponto, podemos encontrar um ponto anterior que foi sua causa (números reais).
  15. Objeção: o que causa a totalidade dos instantes?
  16. Resposta: tal totalidade é abstrata e entidades abstratas não se relacionam causalmente com conretos como Deus.
  17. Como explicar a existência das leis? Com sua existência num momento anterior e na interseção entre momentos.
  18. Objeção de Burke: pato sobre a mesa + intervalo semi-aberto → má explicação.
  19. Objeção de Cid: se o universo teve começo, há uma quantidade finita de tempo entre o começo e nós, embora possamos dividir infinitamente essa quantidade.

Livre-Arbítrio

  1. Responsabilidade moral, LA e determinismo. (As pessoas são controladas por Deus ou há livre-arbítrio?)
  2. J. Locke: mente tem poder para mover partes do corpo. Mas o que causa a mente mover o corpo?
  3. Somos livres apenas se nossas ações não são causadas. Mas há ações não causadas? (bizarro algo ocorrer sem que haja nenhuma causa)
  4. Determinismo: todo evento tem causa | LA: há eventos (mentais) que não têm causa. [Incompatibilismo] [Soluções: LA é ilusão, ou Determinismo é ilusão.]
  5. Causalidade e Necessidade: se água congelou em condições x, tinha de congelar. | c causa e = dado que c ocorreu, e tinha de ocorrer, i.e., dada a ocorrência de c, é fisicamente necessário que e ocorra. [Determinismo → 1 futuro possível (cadeia causal linear) x Indeterminismo (cadeia causal árvore)]
  6. Spinosa: pessoas pensam ser livres, porque ignoram as causas de suas escolhas.
  7. Incompatibilistas do LA: rejeitam determinismo (não funciona para o mental | determinismo não é possível de ser provado para eventos mentais e nunca foi provado pro mundo físico), aceitam que pessoas poderiam ter agido de outro modo, que há eventos mentais não causados, e que a experiência de deliberação mostra que o LA existe.
  8. Compatibilismo: Há LA. O Determinismo é V. Um ato pode ser livre, mesmo que a volição seja causada.
  9. Compatibilismo atenta para o uso que fazemos do conceito de LA: livre = fazer o que se quer (ação fruto de desejos, intenções e propósitos) ~ Ação Voluntária (causalidade interna, e não externa - Aristóteles)
  10. Poderíamos ter agido de outro modo?
  11. Sim, se tivéssemos escolhido diferente.
  12. São as decisões as decisões causadas?
  13. Sim, pelos desejos e preferências (dar exemplo).
  14. Objeção compatibilista ao indeterminismo do LA: se a volição é não causada (não existe condição suficiente), nem pelos próprios desejos, como a ação dela resultante seria considerada ação do agente? (A Ação seria algo automático, como espirrar e de ocorrência arbitrária. → Indeterminismo do LA torna ação livre sem sentido, pois a torna fruto do acaso em vez de do processo deliberativo.
  15. Casos de fronteira:
  16. Assalto: dar a carteira é ato livre? (desejo de salvar a própria vida) (mas houve também restrição externa) → distinção coerção x não-coerção.
  17. Viciado em drogas/álcool (compulsão interna) → conflito de desejos (+ forte ganha) (vicio causa desejos – a ação fruto de tais desejos é livre?) Não temos controle sobre a força dos desejos → desejo de comer pizza ~ desejo de injetar heroína.
  18. Objeção ao compatibilismo: se preferências e outros estados internos são causados, a cadeia se estende para além do controle do agente (não controlamos as crenças e desejos que temos)
  19. Poderíamos ter desejos diferentes de como agimos? Só se as causas dos desejos tivessem sido diferentes. Mas tais causas poderiam ter sido diferentes? Se não, como considerar-se livre.
  20. Fatalismo 1: nada pode mudar o curso dos eventos / decisões não importam, pois tudo já está decidido.
  21. Fatalismo (Aristóteles): Batalha Naval + argumento do preguiçoso → ser passivo.
  22. Determinismo → Fatalismo 1? Não, mas pode implicar Fatalismo Lógico.

Possibilidade da Metafísica

  1. Rejeição da metafísica tradicional (incerteza | Hume: razão não funciona a priori | Kant e a rejeição de noções a priori, como deus, imortalidade e liberdade).
  2. Pq a metafísica não é tão certa quanto a física, a matemática e a lógica? Kant: crítica da razão (limites e funcionamento) + defesa contra ceticismo (com o melhor do racionalismo e do empirismo)
  3. Como são possíveis sintéticos a priori? Matemática (Estética Transcendental – idealidade transcendental do espaço e do tempo), Ciências Naturais (Analítica Transcendental – categorias fundamentam a possibilidade de conhecimento e experiência), Metafísica (Dialética Transcendental – impossível sintético a priori, a não ser sobre o sujeito transcendental).
  4. Estética e analítica: espaço e tempo transcendentais + conceitos do entendimento aplicados somente às aparências. → rejeição da ontologia (metafísica geral).
  5. Nega que os princípios da lógica geral (não contradição) e da sua lógica transcendental (conceitos puros do entendimento) impliquem, por si mesmos, conhecimento dos objetos, pois pode não haver na realidade os objetos dos quais falamos. Assim, a metafísica em abstrato das condições sensíveis não fornece conhecimento. O uso transcendental do entendimento é ilícito em Kant.
  6. Ontologia deve dar lugar à Analítica Transcendental (mudar do realismo transcendental para o idealismo transcendental)
  7. Metafísica não é possível, mas somos levados a ela, pois temos uma demanda da razão pelo incondicionado (condição sem condições): queremos sistematicidade, unidade e completude do conhecimento (essa busca é parte da razão humana) e queremos assegurar imortalidade, liberdade e deus. → ilusão transcendental (tomar necessidade subjetiva dos conceitos como necessidade objetiva da realidade) | Vantagens: se usarmos a metafísica regulativamente em vez de constitutivamente, obtemos instrumentos para guiar a pesquisa empírica.
  8. Princípio supremo da razão pura: se o condicionado está dado, o absolutamente incondicionado também está dado.
  9. Ideias que asseguram o conhecimento do incondicionado não têm realidade objetiva (não referem a nenhum objeto)
  10. Rejeição da metafísica especial (conceitos sem intuição são vazios) [Dialética Transcendental – contra cosmologia racional (conceito: mundo), teologia racional (conceito: deus), e psicologia racional (conceito: alma). | Tais objetos são transcendentes, i.e., além de toda experiência possível, e não referem nenhum objeto. | Metafísica faz hipostatização (postulação como real), mas tais objetos são subjetivos.
  11. Posições metafísicas se fundam na má aplicação de conceitos e princípios = confusão entre fenômeno e númeno.
  12. Alma (natureza e constituição) – psicologia racional: alma surge como demanda (da razão) por unidade, diz Kant. Psicologia pula do conceito transcendente de sujeito para a unidade absoluta do próprio sujeito (ex.: Descartes: Eu penso → Substancialidade do eu).
  13. Objeção de Kant: auto-conhecimento não impica a existencia de um objeto. A razão erroneamente objetifica a auto-consciência, por causa da unidade da apercepção da consciência, mas isso não implica a intuição da auto-consciência como objeto. Eu não é objeto, mas veículo para representação de objetos.
  14. Paralogismos da alma (problema: falácia do equívoco) – ex.: simplicidade da alma, identidade pessoal. → Possível usar alma regulativamente, e não constitutivamente.
  15. Cosmologia Racional (argumentos sobre o mundo: incondicionado sensível) – problemas: antinomias (argumentos opostos sem solução), como por exemplo finito x infinito, liberdade x causalidade.
  16. Soluções em cosmologia: dogmatismo (platonismo – base inteligível das aparências, fuga para reino inteligível com explicações que abstraem do que é dado ou possivelmente dado na experiência) ou empíricos (epicuristas – conjunto total das aparências – acabam sendo dogmáticos, por tomarem a forma da subjetiva da sensibilidade como condições ontológicas).
  17. Ambos os lados das antinomias vão igualmente bem ou mal: logo, não é possível solucionar. E as antinomias se fundam em tomarmos o mundo como independente da mente.
  18. Ambos os lados pensam que há mundo, mas ele é finito ou infinito. Kant pensa que o mundo não é nenhum dos dois; ambas as posições tomam o termo “mundo” ambiguamente (por vezes como transcendental e outras como empírico.
  19. Resolução da antinomia: dizer para que domínio cada lado vale (platônico pode persistir, mas não como explicação das aparências | empírico pode persistir sobretudo como explicação das aparências.
  20. Teologia Racional: deus = ser absolutamente necessário e ser supremamente real (demanda por unidade sistemática e completude do conhecimento (demanda mais alta da razão pelo incondicionado)
  21. Fonte do erro: pensar que a soma total da realidade é uma coisa individual (→ representação de ser supremamente real), querer dar conta da pura possibilidade das coisas em geral e querer fundamento para a completa determinação dos conceitos (para cada objeto, ele é ou não um F). Ser supremamente real (dá conta da totalidade) e ser absolutamente incondicionalmente necessário (dá conta dos seres contingentes).
  22. Ideia de deus é inevitável, mas não podemos conhecer tal objeto.
  23. Kant: rejeição dos argumentos metafísicos (ontológico, cosmológico e teleológico) pela existência de deus, que tentam conectar o ser supremamente real como o ser absolutamente necessário.
  24. Objeção ao argumento ontológico: existência não é um predicado real, porque predicados reais alargam o conceito. Assim existência é predicado meramente lógico, e não real.
  25. Argumentos Teleológico e argumento cosmológico: como precisam do argumento ontológico para conectar o ser supremamente real como o ser absolutamente necessário, eles caem junto com o argumento ontológico.
  26. Cosmológico: se algo existe, então um ser absolutamente necessário deve existir também. Pelo menos eu existo. Logo, há um ser absolutamente necessário.
  27. Pressuposições Dialéticas: inferir da contingência dentro da experiência para a causa além do mundo dos sentidos; inferir uma primeira causa para além dos sentidos a partir da impossibilidade conceitual de uma série infinita (confunde possibilidade lógica com transcendental).
  28. Teleológico: beleza, ordem, propósito → ser inteligente como causa
  29. Objeção: isso ainda não prova que tal ser inteligente é o ens realissimum (arquiteto x criador). Para isso, teria de confiar no argumento ontológico, que é falho.
  30. Explicação do erro: pressuposição de propósito e unidade sistemática (parte da razão e essencial para as ciências naturais)
  31. Objetivo da dialética: remover da razão seu uso transcendental.
  32. Apêndice: (1) uso regulativo das ideias da razão (fonte heurística de princípios e ideias necessárias para as ciências, dado que não há correspondência na realidade para as ideias da razão), (2) razão regula entendimento para dar unidade ao conhecimento científico.
  33. Kant: unidade sistêmática serve para a nossa conveniência → pressupor unidade sistemática na natureza.
  34. Apêndice (2a parte): Deus, alma e mundo são 3 ideias da razão com tarefas teóricas importantes (Alma: guia psicologia empírica, Mundo: guia a física empírica, Deus: unifica física e psicologia em uma única ciência). O uso regulativo da sistematicidade visa dar conexão a fenômenos díspares.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

McTaggart e o problema da realidade do tempo

Autor: Rodrigo Cid

Resumo: É comum, até entre os leigos, a dúvida sobre a realidade do tempo. Pensamos que é possível que o tempo seja uma ilusão e que a percepção de sua passagem seja apenas percepção de outra coisa que não o tempo. Há uma série de argumentos, feitos por filósofos, tanto para defender, quanto para atacar a intuição de que o tempo é real. Um deles, e talvez o mais conhecido, é o argumento de McTaggart, que tenta estabelecer uma certa condição para que exista o tempo e que o tempo, pensado segundo tal condição e aplicado à realidade, nos leva a uma contradição; o que o faz concluir que o tempo não pode existir, e que, portanto, não existe. O que eu pretendo neste artigo é expor o argumento de McTaggart junto com algumas objeções originais e não originais, e tentar mostrar que, se aceitamos a abordagem de Prior do fluxo do tempo, a cogência do argumento de McTaggart se perde.

terça-feira, 24 de abril de 2012

A Fórmula de Barcan

Autor: Desidério Murcho & Pedro Merlussi


Neste artigo, discutiremos brevemente algumas das razões para considerar que a fórmula de Barcan é metafisicamente plausível e uma verdade lógica. Depois de apresentarmos brevemente a fórmula e constatarmos que hoje se trata de um teorema óbvio de um sistema de lógica modal que seja uma extensão da lógica clássica, exploraremos as objeções mais óbvias, a que damos resposta. O resultado final da discussão é que a seguinte condicional tem um forte grau de plausibilidade: se aceitarmos a lógica clássica e aceitarmos uma certa concepção da modalidade (que explicitaremos brevemente no artigo), a fórmula de Barcan é uma verdade lógica.



sexta-feira, 23 de março de 2012

O Dilema da Continuidade da Matéria

Autor: Rodrigo Cid

Neste texto pretendo apresentar o Dilema da Continuidade da Matéria e uma possível solução para ele. Tal dilema consiste em termos de escolher entre dois infortúnios para a explicação da continuidade da matéria: ou dizemos que os objetos materiais são infinitamente divisíveis e não explicamos o que constitui a continuidade de algum tipo de objeto, ou dizemos que há um certo tipo de objeto indivisível e não explicamos o que constitui a continuidade de tal objeto. A solução que fornecemos é justamente a tese de que os objetos materiais são constituídos de pontos; como os pontos não são contínuos, não precisamos explicar a sua continuidade. A dificuldade que teremos, então, será mostrar como pontos sem extensão podem formar as coisas extensas, dificuldade esta que pretendemos abordar.

sábado, 17 de março de 2012

Nomeação e Necessidade (Saul Kripke)

Tradutor: Rodrigo Cid

Há uma doutrina bastante conhecida de John Stuart Mill, em seu livro A System of Logic, de que nomes têm uma denotação, mas não uma conotação. Para utilizar um de seus exemplos, quando usamos o nome 'Dartmouth' para descrever certa localidade na Inglaterra, esta pode ser assim chamada porque se encontrava na beira [mouth] de Dart. Porém, diz ele, que, inclusive se Dart (isto é um rio) tivesse mudado seu curso de modo que Dartmouth não mais se encontrasse na beira de Dart, poderíamos com igual propriedade chamar esse local de 'Dartmouth', mesmo que o nome possa sugerir que ele se encontre na beira de Dart. Mudando a terminologia de Mill, talvez devêssemos dizer que um nome tal qual 'Dartmouth' tem uma conotação para algumas pessoas (não para mim – eu nunca pensei tal coisa), a saber, conota que qualquer lugar chamado 'Dartmouth' encontra-se na beira de Dart. Mas, então, de algum modo, ele não tem um 'sentido'. Ao menos, não é parte do significado do nome 'Dartmouth' que a aldeia nomeada por ele encontre-se na beira de Dart. Alguém que dissesse que Dartmouth não se encontra na beira de Dart não estaria se contradizendo.