
O problema do não-naturalismo é que ele deve começar com um conto metafísico sobre a realidade das coisas. O problema das outras visões é que elas desvalorizam ou representam mal o discurso moral ordinário de onde partimos. Partindo de Wittgenstein, Ramsey e Hume, Simon Blackburn desenvolveu uma teoria chamada quasi-realismo. Este começa com o expressivismo e tenta adquirir direito a utilizar os argumentos descritivistas e mostrar que esses usos podem ser ditos como verdadeiros ou falsos. O uso da verdade no expressivismo é justificável por padrões internos dos discursos. Blackburn afirma que ele não redefine a verdade, mas que os outros filósofos que o fazem.
Blackburn fala que o discurso expressivista pode ser visto em termos de correto/incorreto, e que isso corresponde à verdade/falsidade. O que o expõe à crítica de que realiza uma abordagem não unívoca da verdade. Ele responde a isso dizendo que há semelhança suficiente nas duas noções de verdade para que haja ambigüidade. Mas o problema é que o quasi-realista se pergunta sobre a função da verdade no discurso probabilístico, no discurso moral etc, mas nunca sobre a função da verdade no geral, para que cesse a acusação de ambigüidade nos usos da verdade.
E qual a função de um juízo em certa área? Essa pergunta, por envolver questões mais complexas como “quais aspectos da realidade podem ser tomados como genuínos?” e “o que é uma base própria para a teorização?”, nos leva ao debate entre realismo e anti-realismo. O quasi-realismo é inicialmente restrito a uma ontologia e a um conjunto de características indicadas pela física, e tenta ganhar direito ao uso das noções de conhecimento, verdade e explicação. Basicamente ele tenta dar uma explicação da função do juízo em causa, e as razões pelas quais nós os fazemos e nos importamos com eles.