Com a “Teoria das Descrições”, Russell cria uma forma de analisar as proposições, onde não é preciso usar a expressão denotativa descritiva (quando esta ocupa o lugar de sujeito). Esta é reduzida a uma variável ligada dentro de um somatório de funções proposicionais. Portanto, predicar algo de um sujeito se torna uma conjunção de pelo menos três sentenças: uma contendo o quantificador existencial e a indicação da propriedade definidora da variável ligada; uma outra, que é a asserção de que aquele somatório indica um objeto único (asserção de unicidade); e, finalmente, uma que atribui uma propriedade (atributo) a esse objeto.
Dessa forma, a análise de:
Dessa forma, a análise de:
“A rainha da Inglaterra é careca”
é:
i) Existe X e esse X reina na Inglaterra.
ii) Se Y tem a propriedade de reinar na Inglaterra, então Y é idêntico a X.
iii) X tem a propriedade de ser careca.
Dessa mesma maneira Russell analisa o argumento ontológico. Apresentarei primeiramente este último e, posteriormente, a análise e a crítica de Russell a ele.
Argumento Ontológico:
1) O Ser Mais Perfeito possui todas as perfeições.
2) A existência é uma perfeição.
3) Logo, o Ser Mais Perfeito existe.
Análise de Russell:
1) Existe uma e somente uma entidade X que é a mais perfeita.
1) Esta entidade possui todas as perfeições.
2) A existência é uma perfeição.
3) Logo, esta entidade existe.
Note que as duas primeiras sentenças da análise de Russell são equivalentes à primeira sentença do argumento ontológico. Segundo a análise de Russell, este argumento se mostra uma petição de princípio justamente porque afirma na conclusão a existência do Ser Mais Perfeito, enquanto também o afirma na primeira premissa sem apresentar nenhuma prova.