O fantasma do marxismo
O marxismo é como um fantasma.
É muito difícil capturá-lo,
ou melhor, é impossível contê-lo.
(Pinochet)
O
que é propriamente o marxismo? Muito se tem falado sobre isso nos últimos
tempos, mas sem propriedade adequada, o que leva a certos equívocos. Para
evitar isso, resolvemos escrever essa coluna dando alguns esclarecimentos
mínimos sobre o assunto para que pelos menos se tenha maior cuidado ao falar de
algo que se desconhece ou, pelo menos, não se conhece tão bem assim.
Primeiramente,
precisamos dizer o que não é marxismo. Há uma vulgarização do termo tanto
daqueles que se consideram a favor quanto contra, basta uma pequena busca na
internet para se comprovar isso. Em um dos sites visitados, que aliás faz parte
de um importante e respeitável instituto que tem como uma das maiores defesas a
liberdade econômica, havia um artigo dizendo que poderíamos entender o marxismo
“em 1 minuto”, eis a “brilhante” definição que ele nos dá: “Todo o evangelho do
marxismo pode ser resumido em duas frases: Odeie o indivíduo mais bem-sucedido
que você. Odeie qualquer pessoa que esteja em melhor situação do que a
sua”. Esse tipo de “definição” não pode ser levado a sério, pois não faz o
mínimo esforço nem para explicar o pensamento marxista nem se utiliza de
argumentos para refutar suas ideias e conceitos. É algo completamente nulo,
filosoficamente falando, e só serve para contribuir para a disseminação de
conteúdos equivocados sobre o tema em questão.
Marxismo
é a corrente filosófica que se propõe a estudar a obra e as ideias
desenvolvidas por Karl Marx. Disso podemos decorrer diversos estudos que foram
feitos ao longo do século XX e que possibilitou várias interpretações sobre o
que vem a ser o pensamento marxiano. Marx nasceu na Alemanha em 1818 e tem como
principal trabalho “O Capital”, obra dividida em três livros. Marx não
conseguiu terminar a publicação dos livros em vida, tendo conseguido publicar
apenas o primeiro livro, sendo os demais publicados por seu amigo Friedrich
Engels. A obra de Marx ganhou grande repercussão por dois grandes motivos. O
primeiro, por fazer uma minuciosa análise do modo de produção capitalista. Marx
pretende provar cientificamente a especificidade da exploração do trabalho pelo
capital, inserida num modo de produção que leva ao extremo da “luta de classes”
que marca toda a história. O segundo, é pela proposta que o diferencia dos
demais filósofo ao escrever a sua XI Tese sobre Feuerbach que diz: “os
filósofos têm apenas interpretado o mundo de maneiras diferentes; a questão,
porém, é transformá-lo”. Essa transformação do mundo é a “práxis” marxiana ou,
também chamada, filosofia da práxis, que diz que a história se faz
dialeticamente em um constante processo de contraposições.
Nas palavras do ditador chileno Augusto
Pinochet, que era contra o pensamento marxista, o marxismo é como um fantasma,
pois ele não pode ser contido. Para
evitar o fantasma do marxismo, Pinochet mandou prender mais de 80 000 pessoas,
sendo por volta de 30 000 o número daquelas que foram torturadas. Segundo se
estima, mais de três mil pessoas foram assassinadas no seu governo. Tudo isso
tendo o apoio de Milton Friedman e a Escola de Chicago que defendiam os preceitos
ultraliberais na economia do país. Ou seja, em nome de uma liberdade econômica
individual e da “democracia”, como defendiam os “Chicago Boys”, se prendeu, se
torturou e se matou como nunca antes na história do Chile, mas tudo isso foi
feito com o preceito “nobre” de se eliminar o fantasma do marxismo.
No entanto, por mais que se bata contra o
marxismo mais ele se fortalece e volta a atacar. E por que isso acontece?
Deixemos que o próprio Marx nos responda:
Em
lugar da velha sociedade burguesa, com suas classes e seus antagonismos de
classe, teremos uma associação, na qual o livre desenvolvimento de
cada um é a condição para o livre
desenvolvimento de todos. (Manifesto
Comunista)
Marx se imortalizou entre os pensadores que
pretendem mudar o mundo e torna-lo um lugar melhor. Isso é o que alguns chamam
de transformação da realidade ou revolução, inserindo uma outra visão de mundo
na tentativa de se eliminar a ideologia burguesa predominante desde a época
moderna. Dessa forma, o pensamento conservador precisa ser contraposto pelo
pensamento revolucionário para dar lugar a um novo mundo.
Luiz Maurício Bentim da Rocha Menezes