terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

O Fantasma do Marxismo




O fantasma do marxismo

O marxismo é como um fantasma.
É muito difícil capturá-lo,
ou melhor, é impossível contê-lo.
(Pinochet)


O que é propriamente o marxismo? Muito se tem falado sobre isso nos últimos tempos, mas sem propriedade adequada, o que leva a certos equívocos. Para evitar isso, resolvemos escrever essa coluna dando alguns esclarecimentos mínimos sobre o assunto para que pelos menos se tenha maior cuidado ao falar de algo que se desconhece ou, pelo menos, não se conhece tão bem assim.

Primeiramente, precisamos dizer o que não é marxismo. Há uma vulgarização do termo tanto daqueles que se consideram a favor quanto contra, basta uma pequena busca na internet para se comprovar isso. Em um dos sites visitados, que aliás faz parte de um importante e respeitável instituto que tem como uma das maiores defesas a liberdade econômica, havia um artigo dizendo que poderíamos entender o marxismo “em 1 minuto”, eis a “brilhante” definição que ele nos dá: “Todo o evangelho do marxismo pode ser resumido em duas frases: Odeie o indivíduo mais bem-sucedido que você.  Odeie qualquer pessoa que esteja em melhor situação do que a sua”. Esse tipo de “definição” não pode ser levado a sério, pois não faz o mínimo esforço nem para explicar o pensamento marxista nem se utiliza de argumentos para refutar suas ideias e conceitos. É algo completamente nulo, filosoficamente falando, e só serve para contribuir para a disseminação de conteúdos equivocados sobre o tema em questão.
Marxismo é a corrente filosófica que se propõe a estudar a obra e as ideias desenvolvidas por Karl Marx. Disso podemos decorrer diversos estudos que foram feitos ao longo do século XX e que possibilitou várias interpretações sobre o que vem a ser o pensamento marxiano. Marx nasceu na Alemanha em 1818 e tem como principal trabalho “O Capital”, obra dividida em três livros. Marx não conseguiu terminar a publicação dos livros em vida, tendo conseguido publicar apenas o primeiro livro, sendo os demais publicados por seu amigo Friedrich Engels. A obra de Marx ganhou grande repercussão por dois grandes motivos. O primeiro, por fazer uma minuciosa análise do modo de produção capitalista. Marx pretende provar cientificamente a especificidade da exploração do trabalho pelo capital, inserida num modo de produção que leva ao extremo da “luta de classes” que marca toda a história. O segundo, é pela proposta que o diferencia dos demais filósofo ao escrever a sua XI Tese sobre Feuerbach que diz: “os filósofos têm apenas interpretado o mundo de maneiras diferentes; a questão, porém, é transformá-lo”. Essa transformação do mundo é a “práxis” marxiana ou, também chamada, filosofia da práxis, que diz que a história se faz dialeticamente em um constante processo de contraposições.
Nas palavras do ditador chileno Augusto Pinochet, que era contra o pensamento marxista, o marxismo é como um fantasma, pois ele não pode ser contido. Para evitar o fantasma do marxismo, Pinochet mandou prender mais de 80 000 pessoas, sendo por volta de 30 000 o número daquelas que foram torturadas. Segundo se estima, mais de três mil pessoas foram assassinadas no seu governo. Tudo isso tendo o apoio de Milton Friedman e a Escola de Chicago que defendiam os preceitos ultraliberais na economia do país. Ou seja, em nome de uma liberdade econômica individual e da “democracia”, como defendiam os “Chicago Boys”, se prendeu, se torturou e se matou como nunca antes na história do Chile, mas tudo isso foi feito com o preceito “nobre” de se eliminar o fantasma do marxismo.
No entanto, por mais que se bata contra o marxismo mais ele se fortalece e volta a atacar. E por que isso acontece? Deixemos que o próprio Marx nos responda:

Em lugar da velha sociedade burguesa, com suas classes e seus antagonismos de classe, teremos uma associação, na qual o livre desenvolvimento de cada um é a condição para o livre desenvolvimento de todos. (Manifesto Comunista)

Marx se imortalizou entre os pensadores que pretendem mudar o mundo e torna-lo um lugar melhor. Isso é o que alguns chamam de transformação da realidade ou revolução, inserindo uma outra visão de mundo na tentativa de se eliminar a ideologia burguesa predominante desde a época moderna. Dessa forma, o pensamento conservador precisa ser contraposto pelo pensamento revolucionário para dar lugar a um novo mundo.

Luiz Maurício Bentim da Rocha Menezes