quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Tradução de Excertos de Goldstick, D. "Refutation of Ethical Egoism". Analysis: vol. 34, n. 2, pp. 38-39, 1973.


Definamos um ‘egoísta’ como alguém constituído psicologicamente de modo a se importar apenas consigo próprio e, assim, agir sempre tendo em vista a maior vantagem para si, sem que considerações em conflito com a sua tenham qualquer peso para ele. Entendamos o ‘egoísmo ético’ como a doutrina moral de que todas as pessoas devem ser egoístas.

Assumindo que isso é verdade para as doutrinas volitivas em metaética, que ninguém pode ser uma pessoa que sinceramente adere a uma ética sem alguma preocupação sobre o que ela prescreve ser efetivado atualmente, devemos, de acordo com isso, atribuir a qualquer egoísta ético sincero, em alguma medida, preocupação de que as pessoas normalmente sejam egoístas em seu caráter e em suas ações. Entretanto, tal preocupação, para qualquer pessoa, será tão contra-egoística o quanto seu caráter a faz se preocupar, pois é logicamente possível que os interesses dos outros não coincidam invariavelmente com os dele; de modo que o comportamento egoísta pela parte deles pode não ser em sua própria vantagem, mesmo que ele tivesse que se preocupar de modo indiviso com sua própria vantagem para ser um egoísta completo. 


(...)

Assumindo-se que o “não-dogmatismo moral” é incorreto e que qualquer ética deve demandar de cada pessoa que adira a ela em pensamento tanto quanto em ação, podemos concluir que o egoísmo ético deve, consequentemente, fazer duas requisições logicamente incompatíveis para cada pessoa: (1) uma maquiagem psicológica totalmente egoística (assim como também o comportamento); (2) uma aderência sincera ao egoísmo ético em pensamento e em ação. Ninguém pode sustentar que algo logicamente impossível seria moralmente obrigatório. Por isso, qualquer ética que faz prescrições inconsistentes, está refutada. Desse modo, o “egoísmo ético”, tendo sido mostrado que ele é inconsistente, está validamente refutado.