Tornou-se senso-comum hoje a afirmação de que uma abordagem compreensiva e integrada do fenômeno das drogas deve levar em conta seus vários aspectos bio-psico-sociais. Mas na prática os estudos do tema têm sido desenvolvidos dentro das disciplinas médicas e psicológicas. Quanto às abordagens sociais, estas se concentram no âmbito do direito ou da criminologia positivista e, geralmente, reproduzem pressupostos a respeito da natureza das drogas já dados pela sociedade envolvente e que são pouco questionados pelos estudiosos.
Tendo isso em mente, um grupo de pesquisadores provenientes de diversas partes do Brasil fundou, em 2008, a Associação Brasileira de Estudos Sociais do Uso de Psicoativos -ABESUP, com a finalidade de promover abordagens críticas do uso de psicoativos, a partir de enfoques sociológicos, antropológicos, históricos, políticos, econômicos e jurídicos, sem porém pretender negar ou reduzir as suas complexidades bio-psíquicas. Os membros da ABESUP elegem como objetos de investigação, a serem estudados tanto em termos sincrônicos quanto diacrônicos, as atitudes de diferentes sociedades em relação às substâncias psicoativas, seus usos, usuários, produtores e distribuidores. De especial interesse é a investigação dos controles sociais vigentes sobre o uso dessas substâncias, sejam eles formais, na forma de leis e regulamentos oficiais, sejam eles informais como as normas, regras de conduta, e os rituais sociais que surgem de maneira espontânea entre usuários e que podem constituir verdadeiras “culturas”. Com o intuito de aprofundar as discussões sobre a temática da cultura das drogas na atualidade e sua relação com a nova Lei de Drogas 11.343/2006 a ABESUP está organizando o Simpósio Nacional “Drogas: notícias do campo, lei e movimentos sociais”.
Mais informações em: http://www.ffch.ufba.br/spip.php?article184