Ditadura nunca mais
“A independência individual é a
primeira das necessidades modernas. Consequentemente, não se deve nunca pedir
seu sacrifício para estabelecer a liberdade política” (Benjamin Constant. “Da liberdade
entre antigos e modernos”)
Milhares de
anos se passaram e o outro continua a ser pauta para discussão. Por que
permitimos que a tirania (um clássico problema da filosofia política desde os
tempos do velho Platão) resista como forma de governo em pleno século XXI?
Legitimamos esse tipo de governo ao determinarmos que alguns não são tão iguais
a nós e merecem ser tratados diferentes, como bárbaros. A palavra da moda agora
é dizer que o outro é um ‘terrorista’, um “marginal”, pois assim qualquer
atitude contra ele é permitida. Tratamos nossos semelhantes com desigualdade
porque eles pensam e agem de maneira diferente da nossa. Não seria a hora de
encararmos a diferença como algo bom para a natureza do homem e a diversidade
de pensamento como uma forma de melhorarmos e engrandecermos nossa
participação nesse mundo que convivemos? Por que conservar um moralismo
enferrujado ao invés de ampliar as possibilidades de compartilhar a vida com o
outro?
Podemos
fazer um equivalente contemporâneo dessa visão sobre o tirano quando um povo
opta democraticamente por um governo fascista, isto é, um governo que exalta o
nacionalismo acima de todos, demonstrando-se intolerante a tudo que possa ser
diferente aos seus próprios conceitos. O fascismo é a morte do outro e a
predominância do mesmo sobre tudo que há. Apesar de ser historicamente um
movimento político-ideológico do início do século XX, o fascismo tem uma
capacidade impressionante de se renovar, sendo capaz de se mesclar às demandas
da elite de um país em detrimento do povo. Para Foucault, as massas no momento
do fascismo desejam que alguns exerçam o poder, alguns que, no entanto, não se
confundem com elas, visto que o poder se exercerá sobre elas e em detrimento
delas, até a morte, o sacrifício e o massacre delas; e, no entanto, elas
desejam este poder, desejam que esse poder seja exercido. É assim que nasce o
tirano: através do próprio seio democrático ele é levado ao poder.
O porta-voz
da Presidência da República, Otávio Rêgo Barros, afirmou na segunda-feira
(25/03) que o presidente Jair Bolsonaro determinou ao Ministério da Defesa que
faça as "comemorações devidas" pelos 55 anos do golpe que deu início
a uma ditadura militar no país. O golpe militar que depôs o então presidente
João Goulart ocorreu em 31 de março de 1964. Após o ato, iniciou-se uma
ditadura que durou 21 anos. No período, não houve eleição direta para
presidente. O Congresso Nacional chegou a ser fechado, mandatos foram cassados,
houve censura à imprensa de maneira generalizada, além de torturas e
assassinatos.
É hora de a
democracia recuperar as rédeas do governo alçando ao poder o povo para que este
possa estabelecer uma vontade geral em benefício de toda a nação. Chega de
demagogia hipócrita, chega de discursos sectaristas em nome de poucos. O Brasil
precisa de unidade política e respeito à liberdade todos os cidadãos.
Ditadura
nunca mais!