O GOVERNO DO FILÓSOFO
Luiz Maurício Bentim da Rocha Menezes
RESUMO: A concepção de Gláucon da justiça se faz por
um artifício. O governo se constitui por um contrato que determina o legal e o
justo. A partir desse contrato, o governante pode controlar a justiça dos
governados de modo que ele mesmo não precise do contrato participar. A
fim de reforçar o discurso de Trasímaco, Gláucon irá propor a Sócrates um
desafio em que este terá que provar que a justiça é melhor do que a injustiça.
Ou seja, é tarefa de Sócrates demonstrar que a justiça sempre é superior à
injustiça em qualquer situação contrafactual, trazendo sempre benefícios àquele
que pratica a justiça. A dificuldade
para se responder o desafio proposto por Gláucon, se encontra em um caso
na República em que o cumprimento da
justiça parece não trazer benefícios ao agente, mas uma pena. Esse é o caso do filósofo governante e sua coação (anánke) para governar. Para isso,
deve-se entender o motivo pelo qual o filósofo é coagido a governar, não sendo,
portanto, uma questão de escolha, mas de algo cuja recusa lhe é impossível
devido à justiça. A solução de Sócrates para responder ao desafio da justiça
parte das definições de justiça política, fazer cada cidadão a sua função, e a
justiça psíquica, a harmonia entre as partes da alma. Nosso argumento demonstra
que a própria justiça presente na alma do filósofo é determinante para a
realização da justiça na cidade, de modo que o governo do filósofo se justifica
na necessidade de se concretizar a justiça na Kallípolis e permitir o bom
governo.
Palavras-Chave: República de
Platão. Filósofo Governante. Desafio de Gláucon. Arte do Governo. Filosofia
Política.
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