Resenhista: Pedro Merlussi
Há certa tensão entre duas de nossas crenças mais razoáveis: a crença de que temos livre-arbítrio e a crença de que o determinismo é verdadeiro. O determinismo é a tese de que o passado mais as leis da natureza determinam um futuro único. Por exemplo, se o determinismo é verdadeiro, a caneta que acabei de soltar está determinada a cair, dado o passado mais as leis da natureza. Quanto ao livre-arbítrio, é difícil dizer algo consensual, mas comumente se aceita que uma condição necessária para ter livre-arbítrio é poder se decidir de outro modo. Por exemplo, se o leitor tem livre-arbítrio, parece que poderia ter decidido não ler esta resenha. E diríamos que intuitivamente o leitor tem livre-arbítrio. Por outro lado, parece que também temos razões para pensar que o determinismo é verdadeiro. Intuitivamente, as leis da natureza e o passado determinam que as coisas aconteçam apenas desse modo. E se assim o for, aparentemente se segue que nossas decisões são também determinadas, e que por isso não poderiam ser diferentes. Assim voltamos à tensão inicial: as crenças de que temos livre-arbítrio e de que o determinismo é verdadeiro são plausíveis, mas parecem incompatíveis. Mas será que de fato o são? Alguns pensam que sim, outros pensam que não. Os primeiros, conhecidos como incompatibilistas, têm a seu favor a intuição de que essas crenças não são compatíveis. Já os últimos, conhecidos com compatibilistas, defendem a conclusão mais desejável; tanto melhor se conseguirmos compatibilizar as duas crenças que, consideradas separadamente, são muito plausíveis. Motivações para ambas as posições, bons argumentos para cada lado e muita controvérsia. Eis aqui um dos principais problemas da filosofia.
Veja aqui toda a resenha.
Citação: Merlussi, Pedro. "Resenha de 'An Essay on Free Will, de Peter van Inwagen. Oxford: Oxford University Press, 1986.' Crítica, 2012. Acessado em xx/xx/xxxx e encontrado em: http://criticanarede.com/inwagen.html